terça-feira, 27 de outubro de 2009

Infertilidade: o mal do século?

Nos últimos tempos tenho ficado muito impressionada com os casos de infertilidade a minha volta. Tão impressionada que me senti motivada a criar um post sobre isso.

Não é segredo nenhum que precisei encarar uma luta de 2 anos até conseguir ter a minha filha.
Tratamentos inúteis, diagnósticos vazios, muitos hormônios, muita ansiedade e por consequência, 14 kg a mais na balança.

Nunca pensei em filhos. A idéia de ser responsável por alguém pelo resto da vida e de nunca mais pensar em mim em primeiro lugar sempre me assustou muito! Até que no final de 2004 muita coisa mudou.

Meu marido sempre adorou crianças e comecei a me sentir em débito com ele. Estava em fase de conclusão da minha graduação e perdi um grande amigo em um acidente de carro. Tudo ao mesmo tempo gerando um furacão dentro de mim. Estava iniciando o maior período de ansiedade pelo qual passei na minha vida...

Busquei então o meu ginecologista na época e coloquei pra ele a minha vontade de ter um bebê e que eu também me preocupava com o fato de nunca na minha vida ter usado métodos anticoncepcionais de forma segura e nunca ter engravidado antes.
Fizemos alguns exames que nada demonstraram e iniciei minhas tentativas. Passados 6 meses, fizemos novos exames e iniciamos o uso de medicação para induzir a ovulação.

Engravidei após quase 2 anos de tratamento, lutando contra uma infertilidade sem origem certa.
A sensação de não sabermos contra o que estamos lutando é terrível!!!

Perdi meu primeiro bebê com 7 semanas de gestação. Um sangramento quase invisível, uma ecografia e meu mundo veio abaixo...
No dia que soube que meu bebê tinha parado de se desenvolver, o médico, com a sutileza de um elefante dançando ballet em uma loja de cristais, disse que a culpa pela má-formação fetal era exclusivamente do meu excesso de peso!!!
Imaginem isso sendo dito a uma pessoa que está indo pro hospital, fazer uma curetagem!!! Eu nem estava assimilando direito as palavras dele...

Bem, fiz a curetagem e quando voltei ao consultório conversamos e ele me repetiu as mesmas palavras. Dessa vez, já ouvi de maneira mais crítica, pois o calor do momento havia passado e eu estava mais calma, embora visivelmente abalada.
Ele então me proibiu de engravidar por pelo menos 6 meses e afirmou que eu precisaria emagrecer pelo menos 12kg antes de encarar uma nova gestação, pois os riscos de uma nova perda existiam se o peso continuasse ali.
Confesso que nunca tinha escutado nada nesse sentido!!!

Resolvi então procurar um especialista em reprodução assistida, e, por indicação de uma amiga do orkut, a Germana, fui parar nas mãos do Dr. Eduardo Pandolfi Passos, que é Presidente da Associação Nacional de Reprodução Assistida. Com certeza, o mais renomado médico do Brasil quando o assunto é reprodução humana.

Contei a ele toda a minha via-crucis.
O que mais me chamou atenção, foi ele ter afirmado, com todas as letras, que não acreditava que um médico havia me dito tamanha bobagem com relação ao meu aborto!

Existe sim, uma infertilidade relativa que pode ser originada pelo excesso de peso (o que possivelmente era, e é, o meu problema). Mas JAMAIS o meu excesso de peso poderia influenciar na má-formação embrionária.

Passei a fazer indução de ovulação desde a primeira consulta com o Dr. Eduardo. Fiz controle de ovulação através de ultras seriadas, tomei injeções pra romper os folículos (coisas que durante o tratamento com o médico anterior eu nem sabia que existiam...), coito programado e minha filha foi concebida no primeiro mês de tratamento!!!

Sorte? Pode ser...
Mas no meu caso, atribuo boa parte a competência dos profissionais que estiveram ao meu lado.

Claro que meu excesso de peso me rendeu problemas na gestação! Mas confesso que imaginei que os problemas seriam de maior repercussão. Tive hipertensão gestacional desde as 24 semanas, que foi controlada sem medicação, apenas com repouso relativo. Engordei apenas 9kg durante toda a gestação, pois, como já estava muito acima do peso ideal, precisei de um grande controle. Minha filha nasceu de parto cesáreo, no dia 26/06/07 com 37 semanas de gestação, 47cm e 3.365kg, apgar 9/9.

Pensei que minha infertilidade fosse um caso isolado. Dentro de uma gaveta preconceituosa do meu cérebro, sempre imaginei que problemas relacionados a infertilidade fossem exclusivos de pessoas mais velhas!

E de uma maneira ou outra comecei a ser bombardeada por problemas semelhantes acontecendo com amigas próximas!

O primeiro caso foi o da Graciele. Indiquei a Clínica Segir e o Dr. Eduardo.
Muitos exames e o primeiro diagnóstico: SOP
A Gracy foi um exemplo de determinação, de força e de confiança! Depois de mais de 2 anos de tratamento, está com seu anjinho Gabriel nos braços, com 6 meses...

Mas a listinha não para por aí! Antes fosse...
Tenho pelo menos outras 6 amigas "reais" na mesma situação. Fora as virtuais, que são tantas que nem posso contar...

Semana passada descobri que a esposa de um grande amigo meu (alguém por quem, mal conhecendo, já tenho um carinho imenso) tem endometriose em estágio avançado. Estão fazendo tratamento desde o início do ano, já fizeram 3 FIVs e nada.
Isso me deixa muito, mas muito triste...

A mim, resta indicar a Clínica Segir e torcer para que tenham um final feliz como o meu e o da Gracy.

Sei que quando eu for tentar um novo bebê, vou precisar encarar novamente um tratamento. Afinal, desde que a Ana Clara nasceu, nunca usei nenhum método contraceptivo muito confiável, e não engravidei novamente.
Sei o que me espera e sei que provavelmente tenha a ver com a tal "infertilidade relativa em decorrência do excesso de peso".

Mas é isso o que eu digo pra todas as minhas amigas que passam por situação semelhante: não desistam de seus sonhos, de seus objetivos, de suas metas.

"Não creias impossível o que apenas improvável parece." (Shakespeare)

2 comentários:

Pati disse...

Oi colega... menina, vc é guerreira mesmo, lutou mas agora tem uma princesa ao seu lado... eu nas gestações (2) engordei muito 30 e poucos quilos cada uma, depois uma luta pra emagrecer. Meus filhos nasceram de parto normal, 4kgs affff, eu tb tenho amigas próximas com problemas para engravidar... eu acredito que o stress que a mulher passa no dia a dia interfere muito nesse processo... A gente tem uma sobrecarga muito grande..
MEnina, e tua RA... firme aí tá... Bjos e uma ótima quarta... Deixei um selinho pra vc no meu blog...

Gracy e Gabriel disse...

Tudo que a Manu disse é verdade! Acompanhei cada passo da gestação da Ana Clara e do outro anjinho que ela devolveu a Deus. Infelizmente passamos por coisas parecidas, pois também engravidei e perdi o primeiro, depois veio meu milagrinho, mas depois de muito chororo, cirurgias, medicamentos, injeções... enfim... mas o Dr. Eduardo que ela citou foi um instrumento de Deus na minha vida e hoje tenho meu Gabriel lindo com 6 meses! Só gostaria que todos tivessem a força de nunca desistir dos seus sonhos, pois é verdade que temos muitos altos e baixos, mas tudo acontece na hora certa!
Parabens para mim, para Manu e para tantas outras nesse mundão afora que estão, que tiveram ou vão ter seus milagrinhos no colo!
Beijos