segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A chuva e o medo da escuridão

A chuva bate insistente no telhado
Parece tentar entrar em meus pensamentos
Invadir um espaço que outrora era preenchido.

Esse espaço, hoje oco
Faz expandir o eco do barulho da chuva
E minha mente começa a girar

Esse ruído me enlouquece
Me ensurdece cada vez mais
Essa chuva precisa parar
Pois além dos pingos, cada vez mais anoitece minha mente.

Fecho os olhos na esperança do tempo acelerar
De nada adianta, o tique-taque do relógio é outro ruído sem fim
O breu dos meus olhos me dá medo
E o medo não é mais dos pingos de chuva

O medo é do que vejo de olhos fechados
O medo é do que vejo olhando pra dentro de mim
Vejo muita inconstância, sou um poço profundo

Ora, sou forte, sou uma rocha
Me sinto dura, intransponível
Tenho medo de rachar
E posso virar em pedaços

Ora, sou bela, sou gelo
Temo que os pingos possam me derreter aos poucos
Pingos de chuva, pingos de lágrimas
E com isso desaparecer

Mas quero apenas, um dia, poder ser humana
Poder saber como é ter sentimentos
Poder deixar fluir os pensamentos
Assim como fluem os pingos de chuva em meu telhado...


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