terça-feira, 12 de junho de 2012

Outono...

BR116 - Nova Petrópolis/RS

OUTONO DA VIDA 

No doloroso rescaldo das labaredas 
Que queimaram meus sonhos, minhas esperanças, 
Vem a misteriosa voz do longe 
Gritar mensagens íntimas, poemas singulares, 
Em cantares do meu sentir... 
Presidiário do Mar, 
Meu desumano carcereiro, 
Sentindo-me cada vez mais só, 
Abafado no silêncio esmagador 
Desta insular solidão, 
Da minha amarga dor, 
Saí de mim próprio, em louca evasão... 

Queria gritar, bem alto, 
De modo que todo mundo ouvisse, 
O verbo amar ... o verbo amar, 
Em noites de luar, 
Ou manhãs de frio vendaval. 

Que loucura a minha ... 
Quero receber as gotas de mágoa 
Das horas distantes do meu viver ... 

Estou no Outono da vida ... 
Quando as folhas ressequidas rodopiam 
E a brisa chora como violino gemebundo ! ... 

Há palavras que não entendo 
Na minha solidão: 
O ontem, o hoje, o amanhã 
E aquilo que vive, cá dentro, 
Cá dentro, no coração ... 
O silêncio das coisas, 
O sal das lágrimas, 
Os sorrisos tristes, 
As esperanças diluídas , 
As chuvas, que são tormentos, 
Batendo nas janelas, 
Caindo dos beirais, 
Em dolorosos momentos ! ... 
Canto louco ... Canto louco ... 
Pensamento ... Pensamento 
Aonde vais? ... Aonde vais ?
 

JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO do Livro " Outono da Vida "

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