sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Insônia



A cada noite insone eu penso em te escrever.
O silêncio do quarto e o vazio ao meu redor me preenchem.
As letras são minhas companheiras. Nem sempre com alguma conexão com meus sentimentos.

Vontade de gritar que teu silêncio é uma agressão.

Que pequenas atitudes, certamente sem objetivo nenhum, soam como um tiro em meus ouvidos.

Não sei qual a dor maior.

Olhar ao redor procurando algo que sei que não está ali... ou então, sem esperar, me deparar com teu espectro que me causa medo, aflição...

Certezas me assombram...

A certeza de que nosso crime não tem perdão.

A certeza de ser apenas uma lembrança em um calendário amarelado. Uma foto perdida no computador...

Quem sabe o que faz sentido nesse mundo incerto.

Quem vai dizer que realmente erramos ou se realmente era esse o nosso final feliz.

Não podemos mais saber o que é verdade e o que é mentira.

A única certeza que me resta é essa vontade de te escrever... é essa vontade de olhar em teus olhos e, no silêncio dos meus, fazer os questionamentos que nunca fiz.

Nesse momento vejo o quanto já te escrevi. Quantas vezes já apaguei ou rasguei esses sentimentos... essas palavras mal proferidas. Malavras mal ditas, em momentos errados.

Só sei que as noites de insônia irão me acompanhar. E que a vontade de cuspir essas palavras permanecerá inerte.

Não há mais motivos pra agressões... não faz sentido palavras que saem apenas com o objetivo de ferir, justamente a quem queremos proteger.

Chega! Não há mais nada a ser dito.

Que o resto saia de dentro de mim em outra noite insone...